VIDA DE FÉ OU DE APOSTASIA?

Algumas pessoas costumam escapar do estudo bíblico sobre determinados temas motivados por alguma espécie de medo ou receio. Temas como a apostasia, a blasfêmia contra o Espírito Santo, sobre eleição e livre arbítrio, dentre alguns outros. Considerados como “polêmicos”, esses assuntos fazem parte do estudo Bíblico e são indispensáveis no desenvolver da trajetória cristã.

Devemos compreender essa nossa trajetória cristã como uma espécie de “carreira”, assim, o desenvolvimento espiritual e conhecimento Bíblico virá gradativamente à medida com que nos disponibilizamos ao estudo Bíblico e em como levamos o nosso relacionamento com Deus.

Falaremos, ainda que de modo resumido, sobre a ‘Blasfêmia contra o Espírito Santo’. Caso tenha dificuldades em compreender alguma referência ou algum ponto exposto, leve o assunto ao seu pastor e busque por orientação. Não procure por respostas imediatas na internet, essa facilidade pode atrapalhar a sua compreensão à respeito da Palavra de Deus. Examine tudo o que lê e/ou ouve. Boa leitura!

Textos base: Hebreus 10:23: “(…) retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu“; Hebreus 3:12: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer um de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo“.

Você pode conferir as referências Bíblica online, basta clicar aqui.

Carta aos Hebreus: Quem a escreveu?

A autoria desta carta/epístola (Apesar de parecer mais um sermão) ainda é discutida por alguns estudiosos. Este livro foi originalmente destinado aos cristãos em Roma, seu título nos manuscritos gregos mais antigos diz apenas “Aos Hebreus”. No entanto, seu conteúdo revela que foi escrito aos cristãos judeus. Não se sabe ao certo quem a escreveu e é bem difícil que se descubra. Até então, especula-se alguns nomes para possíveis escritores desta carta, alguns consideram ter sido Apolo, outros dizem ter sido Barnabé o escritor desta carta ou até mesmo Priscila, entre outros nomes que são apontados. O mais conhecido para ser um possível escritor da carta aos Hebreus é o Apóstolo Paulo, entretanto, de acordo com alguns estudiosos, o modo com que esta carta foi elaborada se difere muito das epístolas paulina. Apesar de não sabermos com convicção quem a escreveu, sabemos que faz parte das sagradas escrituras e está de acordo com toda a palavra do Senhor.

Objetivo da carta

A carta aos hebreus pode ser considerada como um fortíssimo argumento em defesa do Cristianismo. O escritor refere-se frequentemente ao testemunho para mostrar que Cristo é o filho de Deus; o sacrifício perfeito sem a necessidade de repetição; superior aos anjos e a lei; superior aos sacerdotes do antigo pacto e digno de nossa adoração.

A principal preocupação do autor parece ser o combate a apostasia (Hb 6:4-8), uma prática que estava fazendo muitos irmãos deixarem a congregação (Hb 10:25 *parte inicial*). Muitos dos tais provavelmente retornaram ao antigo modo de adoração judaica, que seria em Jerusalém (Jo 4:20).

As diversas orientações quanto ao que diz respeito à lei de Moisés e o cuidado com que o escritor desta carta trata este assunto dá a entender que as pessoas cuja a carta é destinada estavam sendo bombardeadas por argumentos que iam contra a convicção delas no Evangelho e a fé em Cristo Jesus.

As pessoas que não aceitavam a expansão do Cristianismo eram os judeus mais zelosos pela lei, à exemplo disto temos a vida de Paulo antes de sua conversão à Cristo (Fp 3:4-6), além de ser um hebreu zeloso pela lei, era também um árduo perseguidor daqueles que se entregavam a Cristo. Então é bem provável que os responsáveis por descarregar sobre aqueles irmãos uma pressão tal, que estaria afetando até mesmo o psicológico deles, seriam os judeus mais zelosos pela lei, os quais não aceitavam o crescimento do Cristianismo.

Segundo o antigo concerto, a salvação e o relacionamento correto com Deus provinham de um relacionamento com Ele à base da fé expressa pela obediência à sua lei e ao sistema sacrificial dela (Estudo ‘O Antigo e o Novo Concerto’, B.E.P-arc 1995LIFE PUBLISHER). A fé resultante da confissão de pecados e conversão a Cristo mudava a forma de se chegar ao SENHOR e ter um relacionamento com Ele, o novo concerto em Cristo é melhor do que o primeiro porque perdoa totalmente os pecados dos que se arrependem (Hb 8:12), transforma-os em filhos de Deus (Cf. Rm 8:15,16), dá-lhe um novo coração e uma nova natureza para que possam, espontaneamente, amar e obedecer a Deus (Hb 8:10; Cf. Ez 11:19-20), os conduz a um estreito relacionamento pessoal com O SENHOR e o Pai (Hb 8:11) e provê uma experiência maior em relação ao Espírito Santo (Cf. Jl 2:28; At 1:5,8; 2:16, 17, 33, 38 e 39; Rm 8:14, 15 e 26). Verdadeiramente em Cristo se estabeleceu o novo concerto ou o novo testamento como profetizou Jeremias (Ver Jr 31:31-34) (ambas as ideias estão contidas na palavra grega – diatheke: testamento), a conversão mudava o modo de adoração (pois não havia a necessidade de sacrifícios) nem a obrigatoriedade de se estar em Jerusalém, não mais havia objetos visíveis e palpáveis, em Cristo havia mandamentos novos aos quais se sujeitava toda a lei e os profetas (Mt 22:37-40), entre outras características que distinguiam-se do antigo pacto. Provavelmente os mais zelosos pela lei se utilizaram dessas características como pretexto para tentar impedir o crescimento do Cristianismo e fazer com que os seguidores de Cristo relembrassem o esplendor do culto mosaico, no intuito de fazê-los regressar. Isto também foi combatido pelo escritor desta carta que já nos primeiros momentos começa a apontar Cristo como sendo um novo e melhor pacto de redenção eterna.

Além de mostrar Cristo como sendo o cumprimento da lei, provando que toda a lei de Moisés aponta para Cristo, o escritor ainda mostra que:

  • Cristo é superior a Moisés (Hb 3:3-6);
  • Cristo é superior aos anjos (Hb 1:1-14);
  • Cristo é o sumo sacerdote de um pacto eterno (Hb 8:1-2; Hb 8:6);
  • Cristo é superior aos sumos sacerdotes do antigo pacto (Hb 4:15);
  • Cristo é o sumo sacerdote sem pecado, diferente do sumo sacerdote do antigo pacto que deveria oferecer sacrifícios pelo povo e por si mesmo (Hb 9:7);
  • Cristo é O Único Salvador (Hb 2:10);
  • Cristo é o sacrifício perfeito que não necessita de repetições como os sacrifícios imperfeitos do antigo pacto (Hb 7:26-28);
  • O antigo pacto não era irrepreensível (Hb 8:7).

APOSTASIA: Um caminho perigoso

Nas primeiras orientações desta carta, o escritor desconstrói qualquer tentativa de anular o sacrifício de Cristo na cruz ou qualquer outra narrativa para invalidá-lo através da lei mosaica, o escritor não só dá (Aos irmãos) argumentos que mostram Cristo como sendo a conclusão da lei e o novo e perfeito pacto eterno entre Deus e os homens, como também começa a fortalecer os irmãos:

  • Relembrando as palavras do Senhor (Hb 13:5);
  • Reafirmando a fidelidade do Senhor e suas promessas (Hb 10:23).

    O escritor também exorta os irmãos a respeito da:
  • Incredulidade e desobediência (Hb 3:7-19);
  • Negligência (Hb 2:1-4).

Entre o zelo em animar e fortalecer os irmãos, percebe-se explicitamente o sentimento de cuidado que o escritor teve com tais irmãos. E é por este cuidado que um dos objetivos principais desta carta foi o combate à apostasia que estava ocorrendo no meio desta respectiva congregação. O escritor não se preocupa em somente reafirmar aos irmãos a importância do sacrifício de Cristo e o seu cumprimento definitivo quanto à lei de Moisés, como também orienta os irmãos a perseverarem na fé.

Diante da mudança que a conversão à Cristo ocasionava na vida dos judeus convertidos, o escritor da carta aos hebreus tem o cuidado de relembrar as imperfeições do antigo pacto (Hb 10:1-2), como forma de mostrar que a lei não era perfeita, apesar de ser “santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7:12) e que na oblação de Cristo nós somos santificados (Hb 10:10) e purificados (Hb 10:14) não momentaneamente, mas para sempre, assim o Espírito Santo testifica (Hb 10:15-18). Deste modo, o escritor mostra que não haveria motivo plausível para que os membros daquela congregação retornassem às práticas do antigo pacto, pois Deus em Cristo fez uma nova aliança, perfeita e eterna.

Esse abandono da fé em Cristo, é tratado como apostasia. A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivar a perseverar na fé e na obediência. Vários trechos Bíblico chamam ainda mais a nossa atenção para este assunto importantíssimo, a APOSTASIA.

            Oblação: Ato de fazer uma oferta a Deus.

A apostasia aparece aqui Hb 3:12* como verbo (gr. Aphistemi, que traduzido: “apartar”). Tal termo é definido como decaída, rebelião, deserção, abandono, retirada ou afastamento daquilo a que antes se estava ligado. A apostasia significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, se apartando da união vital com Ele e da verdadeira fé n’Ele. Mas, quais os passos que levam à apostasia? Bom, vamos tratar este assunto mais profundamente na segunda parte deste estudo (podendo haver uma terceira por conta da complexidade do assunto). Em breve postaremos a segunda parte.

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